MENSAGEM AOS ENGENHEIRANDOS FLORESTAIS

 

 

Exmo. Sr. Prof. Dr. Humberto de Campos, digníssimo Diretor da ESALQ.

Demais autoridades que compõem a mesa e se fazem presentes nesta sessão solene.

Prezados professores, funcionários e alunos de nossa Escola.

Senhoras e senhores.

Queridos pais

Formandos e   afilhados, a    partir   deste   instante, prezados colegas

 

Sejam bem-vindos a uma nova dimensão de suas vidas ... Sejam bem-vindos ao mundo dos profissionais: vocês agora são detentores de uma profissão reconhecida e respeitada. Engenheiros Florestais pertencentes a uma classe privilegiada (2% entre os alunos na ESALO em 1990, 1 em cada 12.000 habitantes de Piracicaba, 1 em cada 1.000.000 de paulistas e 1 em cada 6.000.000 de brasileiros). Esta distinção deve enchê‑los de satisfação e orgulho, deve fazê‑los agradecidos a Deus, se nele acreditarem, agradecidos a seus pais se os respeitarem e sobremaneira reconhecidos à sociedade, que acreditando em vocês, propiciaram condições para atingirem seus sonhos: cursar uma Escola e serem engenheiros. E vejam, uma Escola do porte de nossa Escola.

Caros colegas engenheiros: quanto maior o privilégio, maior a responsabilidade , maior o débito. Chegou a hora de saldá‑lo. Sou testemunha de que muitos de vocês começaram o acerto de contas já há algum tempo atrás, ainda como estudantes, ainda como estagiários e bolsistas, ainda como lideres na vida acadêmica e na sociedade.

Nesta hora não custa nada dar um balanço e verificar em que classe de estudante se incluíram e em que classe de engenheiro florestal desejam ser identificados.

Existem três tipos básicos de pessoas: as que nem estão sabendo que coisas estão acontecendo, as que ficam sabendo que coisas aconteceram e as que fazem as coisas acontecerem.

Colegas: maior privilégio, maior responsabilidade... Vocês não tem escolha, vocês tem que fazer as coisas acontecerem. Vai ser fácil? Não, não vai ser fácil. Nossa vida e nosso mundo andam tão estranhos e malucos que, em muitas situações, você precisa pedir licença para ajudar alguém, pedir desculpas por ser prestativo, implorar para ser útil e, paradoxo dos paradoxos, quase pagar para trabalhar.

Desanimar? Nunca!  Olhem ao seu redor: quantos exemplos de fé... quantos exemplos de dedicação... quantos exemplos de entusiasmo.     Um dos melhores exemplos vocês tem no semeador do

Evangelho: "Eis que saiu o semeador a semear. E, ao semear, algumas sementes caíram ao longo do caminho, e vieram os pássaros e comeram‑nas avidamente. Outras caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra e brotaram logo; por falta de terreno profundo, levantando‑se o sol, ficaram queimadas e, como não tinham raízes, secaram. Outras caíram entre os espinhos; mas cresceram os espinhos e sufocaram‑nas. Outras, enfim, caíram em terra boa e frutificaram, umas cem, outras sessenta e outras trinta. Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça."

Enquanto uns filosofavam, outros discutiam, ele saiu semeando, e filosofando e talvez até discutindo. Mas saiu semeando. Como profissionais ligados à terra, vocês devem reconhecer que um dos atos mais sublimes é semear, que só perde para outro mais espetacular que é o germinar dessa mesma semente: uma nova vida, uma nova crença, uma nova esperança, um renovado entusiasmo. Semear pensamentos, semear palavras e sobretudo semear ações.

Um para 6.000.000 de brasileiros! Haja fé, haja dedicação, haja entusiasmo.

Independentemente   do do saldo devedor existe uma responsabilidade e uma imensa expectativa de seus pais e ex-professores em torno do eterno  chegar. Charles Chaplin termina uma magnífica crônica com estas palavras:  "Não faças do amanhã o sinônimo do nunca, nem o ontem o mesmo que nunca mais. Teus passos ficaram ... Mas vá em frente pois há muitos que precisam que chegues para poderem seguir‑te".

            Vocês se graduam numa hora na qual a preocupação com o Planeta Terra atinge uma dimensão jamais vista. Assunto do dia a­ dia, de uma  necessidade   imperiosa e oportunidade ímpar, passa a tomar contornos até religiosos. Vocês poderão engrossar essa imensa legião mostrando aos imediatistas do desenvolvimento a qualquer preço e aos fanáticos do verde, a tese de que é possível, ou terá que ser possível, se conciliar desenvolvimento com            preservação do ambiente. Apontando           e denunciando erros, indicando e mostrando onde chegar. Porém, e sobretudo, fazendo e ensinando como fazer. A Escola lhes          forneceu o instrumental básico, alargou os horizontes. Cabe a vocês lutarem para atingir esse futuro sonhado e desejado por todos nós.

Caros   colegas: vocês não serão mais de vocês e só serão felizes se fizerem os outros felizes.

Minhas senhoras e senhores:

Quem tiver ouvidos para ouvir...

Novos engenheiros florestais estão saindo para semear...

Obrigado

 

(Janeiro de 1990)

 

 

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