REGISTROS HISTÓRICOS

NÚMERO 02

DEPOIMENTOS GRAVADOS PELOS TIOS MARIQUINHA E OLÍVIO

15 de agosto 1985


AUGUSTO: Nesta quinta-feira estamos aqui na casa da mana Mariquinha. O Olivio está presente a fim de iniciarmos uma gravação à semelhança daquela feita em São Paulo no dia de Corpus Cristi na casa do Alcides Barrichelo. Deixaremos para ouvir esta gravação em outra data e inclusive o mano Olivio nos disse que deveremos ouvir o José Barrichelo. O Olivio logo de inicio gostaria de fazer uma retificação sobre o nome do nosso avô. Eu supunha que seu no me era Luiz... Luigi, em italiano. O Alcides confirmou que era Luigi, porém o Olivio disse que era... Qual era o nome, Olivio?

OLÍVIO: Era Giuseppe porque nossos parentes que vieram da Itália eram como o Alcides falou o Felício de Saltinho, Giuseppe que era nosso avô, Giovani que era o avó do Alcides. Agora o pai do Pedro Barrichelo era o Santo ficando o quinto, que, como o Alcides disse, foi para o Rio Grande do Sul e nós não sabemos o nome. Oportunamente faremos outra gravação e poderemos registrar outras informações, inclusive porque o Pedro com quem nós conversavamos dizia que as famílias não vieram todas de uma vez. Me lembro que papai contava que quando chegou no Brasil ele se encontrou com seus tios, justamente da família do Alcides e do seu pai Giovani. Sabemos que eles moraram aqui em Rio das Pedras, inicialmente no Bom Retiro e não sei se vocês se lembram, ele morreu em um acidente quando foi queimar uma touceira de cana no fundo do quintal. Resultou que o velho morreu queimado.

MARIQUINHA: Ele era o pai da Santina..

OLÍVIO: Justamente, o pai da Santina, do (inaudível) , do Jacó que era justamente o pai do Alcides. De modo que futuramente nós voltaremos e iremos conversar com o José que deve se lembrar de mais coisas pelo fato de ser mais velho. Com isso conseguiremos ir registrando o histórico de nossa família.

AUGUSTO: E especificamente algum detalhe da parte de nosso avô Giuseppe Barrichello que ao viajar vindo ou de volta do Brasil...

OLÍVIO: Quando papai veio para o Brasil, veio com o Giuseppe, que era seu pai acompanhado de tio Jacó e de nosso avó. Ficaram na Itália o tio Giovani que era pai do Emílio, a tia Anunciata, entre outros. Parece que eles tinham na Itália uma espécie de tratoria, uma cantina, um bar ... Ele veio por influência dos parentes que já estavam aqui. Aqui chegando trabalharam e quando nosso avô ajuntou algum dinheirinho, ele deixou aqui os meninos e voltou para buscar o resto da família. Infelizmente foi acidentado na viagem... parece que caiu de uma escada. Tenho a impressão que naquele tempo trabalhavam em serviços do navio para ganhar uma parte da passagem... Caindo da escada ele machucou uma perna, sofreu uma gangrena, veio a falecer e foi jogado no mar. Quando o navio chegou a Gênova sua família estava esperando e recebeu a triste noticia de que ele tinha falecido durante a viagem e tinha si do jogado no mar.

AUGUSTO: Muito bem. Estando aqui reunidos na casa da mana Mariquinha e perguntamos a ela se tem alguma coisa a acrescentar. Principalmente sobre nossos pais, onde eles moravam e como foram os primeiros anos de vida de casados... Enfim, como foram os primeiros tempos...

MARIQUINHA: Papai quando solteiro trabalhava no Sitio Santa Luiza de Antônío Gomes. Ele era caixeiro. Ai namorou a mamãe e após o casamento continuaram morando junto com o António Gomes e Da. Ana. José nasceu no Santa Luiza com sete meses e mamãe contava que a titia Amabile sempre dizia: "Precisa ter cuidado com esse menino...". Dona Ana, que morava com ela, como naquele tempo não tinha bolsa de água quente, ela enchia garrafas com água quente e colocava nos pés e nas mãos do José. Depois eles vieram aqui para o Rio das Pedras e abriram um armazém com o tio Jacó. Porém, antes disso, eles tinham um botequim na "rua de baixo" onde vendiam banana...

AUGUSTO: Era um boteco...

MARIQUINHA: Isso... era um boteco. Depois foram morar lá na esquina onde hoje está o Zïco Barrichello. Lá tinham um armazém e eram sócios o tio Jacó, o tio João e o papai. Isso eu me lembro muito bem... Depois passaram para a outra casa onde hoje é a Casa Paraiso...

AUGUSTO: Sim, Casa Paraíso de presentes e onde já foi o Banco do Brasil. Depois separaram a sociedade...

OLIVIO: Papai ficou lá sozinho, tio Jacó passou para a esquina e o João..

MARIQUINHA: O tio João comprou um carro e passou a viajar...

AUGUSTO: Passou a viajar como motorista de praça. Agora, o Jacinto nasceu nessa nova casa onde era o Banco do Brasil...

MARIQUINHA: Sim. Ali eu também nasci...

OLIÍVIO: Todos nós nascemos lá...

MARIQUINHA: Quase todos...

AUGUSTO: Rua Prudente de Moraes, 332 é o endereço atual... Todos nasceram lá... Muito bem Mariquinha. Mais alguma coisa?

MARIQUINHA: Tive muito prazer em tê-los aqui para o almoço. Podem repetir quantas vezes quiserem... ( Fim da gravação)