REGISTROS HISTÓRICOS
NÚMERO 07
Como
outras recordações da infância, lembro-me de minha mãe Nina como “chefe” do
armazém e que meu pai cuidava da “roça”. O José, o Augusto, o Olívio, a Mariquinha e eu ajudávamos no armazém. Em 1932, o José
casou-se e mudou para São Paulo. O Ignez ajudava nas escritas e as outras irmãs
( Dirce, Ruth e Luizinha)
estudavam. Meu mano Jacintho era alfaiate e com o
passar do tempo transformou sua alfaiataria numa loja de armarinho e se
estabeleceu numa casa de esquina no quarteirão do armazém. Na roça, papai
cuidava do cafezal, plantio de feijão, arroz e a partir de 1929, com a quebra
na bolsa, passou a plantar cana visando a produção de pinga e açúcar batido.
Nessa época se associou com
amigos da família SanJuan que também
eram sitiantes pelos lados de Mombuca onde
plantavam batata, pimentão, etc. Anos
depois, o engenho e a fábrica de açúcar evoluíram para a fundação da Usina Bom
Jesus através da união de cotas de outros pequenos produtores de Rio das
Pedras.
Em
1929 comecei a estudar no primário no Grupo Escolar “Barão de Serra Negra”e uma das minhas professoras foi sua tia, Luiza George (
hoje Luiza George Godoy). Recordo-me muito bem dela e agradeço todo o apoio que
ela me deu. Ela foi minha segunda professora, pois fui reprovado duas vezes no
primeiro ano e minha mãe resolveu pedir ao prof.
Neves, que era o diretor, para freqüentar outra classe. Assim aconteceu e eu
nunca mais fui reprovado. Eu me lembro da Luiza desde o tempo que ela namorava o Gentil na fazenda Estrela. Eu era molecão
e vivia andando pelas fazendas, pescando e caçando. Diversas vezes eu os vi
namorando, depois se casaram e deu tudo certo. Da fazenda Estrela, que era de
seu avô, eu também me recordo muito bem do seu tio Raymundo que era domador de
cavalos e muito valentão. Quando ia caçar codorna na fazenda, muitas vezes
parava a caçada só para ficar apreciando seu trabalho como cavaleiro.
Em
1932 houve a Revolução Constitucionalista e entrei para um grupo de escoteiros
que tinha como objetivo recolher alimentos e roupas para serem enviados aos
soldados de São Paulo.
Em
1935 fui para São Paulo morar com o mano José e Carmela
que tinham um armazém na Rua Major Otaviano. Como disse, eles
tinham se casado em 1932 e mudado de Rio das Pedras para São Paulo. Morei com
eles durante um ano e
estudei numa escola na Av. Celso Garcia.
Era uma escola técnica que equivalia ao ginásio da época. Desse período não me
esqueço de que, com meus treze anos, tentei dirigir um Ford 26 de meu irmão
José e acabei batendo e derrubando um
muro da residência.
A
partir de 1938 fui estudar em Campinas numa escola salesiana
que se chamava Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Nessa escola tinha um pomar
muito atraente. As frutas melhores eram vendidas no mercado e o refugo era
distribuído como sobremesa para os alunos. Não me conformava com isso porque
não considerava justo se pagávamos a escola. Então, o que eu fazia era dar as
minhas frutas, principalmente laranjas, para os colegas e depois pulava o muro
para colher as melhores e mais vistosas.
Ao
completar 18 anos fiz o Tiro de Guerra, começando em Piracicaba e concluindo em
Capivari. Durou um ano e eu entrava de manhã e saia ao meio dia.
Conclui
meus estudos em
1942, na Escola de Comércio do Zanin, em Piracicaba, e me formei como Técnico
de Contabilidade.
Casei-me
em 1947 com a Leonor que conheci em Rio das Pedras. Quando começamos a namorar
eu tinha 15 anos e ela tinha 13, ou seja namoramos
cerca de 10 anos.
Em
1957 mudamos para Piracicaba e montamos um armazém na Rua Regente Feijó. Nessa
data, o armazém em Rio das Pedras tinha passado para o Toninho Arzola e Nene Betiol
e o mano Augusto já estava dirigindo a usina. Menos de um ano depois, a
Prefeitura, que tinha como prefeito o Comendador Luciano Guidotti,
resolveu abrir a avenida Armando de Salles Oliveira e desapropriou o armazém. A
desapropriação foi amigável e tratada diretamente com o prefeito Guidotti que pagou ( “direitinho”)
em parcelas mensais e colaborou com material para construirmos uma nova casa na
Rua Ipiranga que temos até hoje e está alugada.
Em
1967 mudamos para a Cidade Jardim onde tínhamos construído outra casa na Av. dos Operários, graças a venda de ações da Usina Bom
Jesus. Depois de muita luta, terminamos a casa. Como curiosidade, na frente da
casa ainda há um pé de eucalipto que plantei em 1972 ( 30
anos atrás) a partir de muda do viveiro que tivemos em Rio das Pedras.
Entre
1971 e 73, como você bem se recorda, fui o administrador comercial do viveiro
de mudas florestais e dos sítios em que cultivávamos frutas diversas, e em
especial uvas. Para tanto, viajava diariamente de Piracicaba para Rio das
Pedras.
Em
1980 mudamos aqui para esta casa na Nova Piracicaba onde estamos até hoje.
Depois, o Edson, o Jerônimo e Catarina também construíram suas casas aqui
vizinhas.
Voltando
a Rio das Pedras, um outro armazém muito conhecido foi o dos Calil que foi montado após o casamento da Melim com o Atta e da Ignez com o
Luizinho.
Todos
os nossos cunhados são
de famílias de Rio das Pedras com o exceção da família do Raphael
que é de Piracicaba e do Rímoli que é de Mococa.
Da
família Mardegan, de minha mãe Nina, só me recordo de
seu irmão Santo que era administrador de uma fazenda em Rio das Pedras e de meu
primo Sétimo, proprietário da Fazenda Himalaia. A Éster que viveu com vocês
durante muitos anos e que se casou com o Wildes
Barnabé, era filha do Sétimo Mardegan.