III ENCONTRO DOS NETOS DO VÔ ERNESTO E VÓ NINA

Rio das Pedras, 12 de outubro de 2002

Abertura
Luiz Ernesto  (Neto)


Caros familiares

Antes de darmos início ao almoço, vou dizer umas poucas palavras, que, em homenagem ao meu pai, vou chamá-las de “discurso”. Quem conheceu e se lembra de meu saudoso pai, para ele festa sem discurso não era festa. Da mesma forma, quem conheceu e se lembra de minha saudosa mãe, deve ter ouvido pelo menos uma das infinitas vezes que ela repetiu  a frase: “Gusto, pelo amor de Deus, fale pouco!!!”

Inicialmente, as boas vindas de  Davi-Lúcia, Roberto-Maria Inês, Quem-vos-fala-Sonia, nós, os anfitriões físicos desta festa. As boas vindas dos Netos do Vô Ernesto e Vó Nina, nós, os primos, os promotores deste encontro, a terceira geração do tronco Jerônymo Ernesto/Palmyra Catarina da imensa e frondosa “Árvore Barrichello”, cujas raízes estão em Riese Pio X... Encontrou terra fértil e acolhedora em Rio das Pedras e hoje espalha flores e frutos por esse “mundão de Deus”.

Hoje, a plantação está enorme...a festa é de todos nós ( titios, primos, netos, bisnetos). Por razões históricas, mantemos o nome “ENCONTRO DOS NETOS DO VÔ ERNESTO E VÓ NINA”. Que isso não seja fator de desestímulo ás novas gerações para organizar outras festas. Porque não, o “I ENCONTRO DOS BISNETOS DO BISAVÔ ERNESTO  E BISAVÓ NINA”. Desde já garanto a presença  ao “I ENCONTRO DOS TRINETOS” e espero revê-los a todos naquela oportunidade.

Para a abertura protocolar deste III Encontro teremos duas manifestações, bastante breves e de elevado significado familiar e histórico. O primeiro solicitei à minha filha Renata, a primogênita, para preparar uma crônica sob o título “Pertencer a uma família”, que será lido pela sua irmã Viviane. A segunda é fruto de uma enorme surpresa. Já tinha referências aos dotes literários e artísticos do primo José Carlos, o popular Zé do Joca. Mas nunca ( que coisa incrível!) tinha “encarado de frente”. Um belo dia, tia Ruth me recomendou procurá-lo que ele tinha um notável acervo de material histórico para o site que Davi e eu estávamos ( e ainda estamos) montando. Bendita tia Ruth!!! Quem  acessou o site da Família Barrichello já teve a oportunidade de ver uma pequena amostra através da “Ode à Terrinha” e a declaração de amor à saudosa tia Leonor, sua sogra. Notáveis. Aliás... a “Ode à Terrinha” traz, como ilustração, dois quadros seus, da imensa galeria que ornamenta sua sala de visitas. Aliás, recomendo visitá-la. Uma curiosidade. Sou seu padrinho de batismo na Internet. O original era “Terrinha”, que eu, com a devida autorização e preocupação do inspirado autor, batizei como “Ode”. Sou insuspeito como riopedrense, muito bem acompanhado  dos onze filhos de Ernesto e Nina, fora a maioria dos primos. Pois bem... Voltando ao “Zé do Joca”... Numa das visitas subseqüentes à “Galeria Zé do Joca”, a prima Nilse (mãe, vó e sobretudo uma tremenda esposa corujona) me confidenciou que ele estava escondendo outra obra-prima denominada “A SAGA DO ERNESTO”. Não deu outra: apaixonei-me pelo poema ...e convidei sua filha Maria Ivani para declamá-lo. Ao aplaudirmos a Ivani no fim da apresentação, consideraremos encerrada essa abertura do “III ENCONTRO DE TODOS NÓS”.

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Pertencer a uma família
Renata

O que estamos comemorando hoje? Não estamos reunidos para nenhuma festa de aniversário, casamento ou bodas. Não é nenhum batizado, Natal nem Ano Novo. Felizmente, não é nenhum funeral. É Dia das Crianças, data oportuna para celebrarmos o encontro de gerações e apresentarmos as crianças da nossa família. Uma coincidência bastante feliz.

Celebramos um encontro de avós, tios, primos, netos e bisnetos, tocados pelo sentimento de pertencer a um grupo. De acordo com o dicionário, “pertencer” significa ter um lugar legítimo. E um lugar legítimo é o lugar que conquistamos, primeiro amando e sendo amados por nossos pais e mais tarde através de nossos próprios esforços.

O sentimento de pertencer a uma família nos confere identidade e segurança e estrutura nossas raízes. Nenhum grupo exige maior coesão do que a família, se se tem em mente proporcionar o bem estar a todos os seus membros. Nada conforta mais do que saber que a solidariedade dentro da família é valorizada e prevalece, especialmente nos momentos de problemas e dificuldades e que quando algo dá errado para algum de seus membros, ele é apoiado pelos outros e o problema individual passa a ser preocupação comum.

O provérbio “Família grande, ajuda rápida” destaca o sentido da família enquanto unidade de cooperação, trocas de afeto, ajuda mútua. A família Barrichello, com seus 203 membros, tem a oportunidade de vivenciar isso e deve fazer todo o esforço necessário para justificar o ditado.
Através de nossos momentos de encontro e confraternização cada um de nós pode  testemunhar para a geração seguinte a importância de se ter uma família para compartilhar as alegrias e mesmo para repartir as tristezas e saudades.

O encontro de hoje tem a única pretensão de reforçar os laços que nos unem e integrar aqueles que se agregaram e nasceram depois das reuniões de 1984 e 1985. E recordar, com saudade e enternecimento, aqueles que nos deixaram.

A oportunidade de trocar e preservar as lembranças, a história dos familiares mais velhos, nos traz uma qualidade vital importante. Os registros nos ensinam que é importante valorizar a vida, mesmo que não tenhamos feito nada de extraordinário.

Passar pela vida e poder conviver numa família que, apesar das diferenças individuais e problemas, esforça-se para manter seus laços, ser solidária e saudar aqueles que foram e deixaram suas marcas, não é oportunidade, mas privilégio.

Um privilégio que nos garante um lugar legítimo, de onde podemos sair às vezes e ter para onde voltar. Pois sabemos que pertencemos a uma família.

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A saga do Ernesto
Zé do Joca

I
Do Adriático para o Mediterrâneo,
Navegando e lutando, dúvida e incerteza.
O Atlântico foi vencido, ficou para trás.
Agora, com muito esforço, procurando da nova terra a beleza.

II
Abandono da terra querida, novo idioma.
Parentes, amigos, companheiros, tudo ficou no passado.
Poucas amizades, recursos escassos, muito trabalho,
Algum arrependimento, mas nunca derrotado.

III
Sozinho era imbatível mas tornou-se mais forte.
Uma companheira de ouro acalentou os sonhos seus.
Nada dizia, mas seu olhar falava alto:
A esposa era como um dos dedos de Deus.

IV
Aqui chegando estabeleceu-se, criou família.
Fumo, café, algodão, nada o intimidou.
Onze filhos, uma "fornada" de novos brasileiros.
Bolsa estourando, terremoto comercial, mas sempre confiou.

V
No comércio fez nome respeitável, altaneiro.
Massas, bebidas, sal, açúcar, farelo.
Honrado, fez fiado e também fiou, pioneiro.
Ponto de referência ímpar, armazém do Barrichello.

VI
Alguns estudaram, outros se mudaram.
Há aqueles que por aqui tentaram se resolver.
Professores, alfaiates, comerciantes, chefes de família.
Todos conseguiram, a seu modo, viver e conviver.

VII
Alguns já partiram, muitos chegaram.
A família cresceu, doutores de médico a advogado.
Vida atribulada, grandes distâncias, interesses vários;
Naturalmente o contato foi ficando espaçado.

VIII
O tempo passou, levou consigo a graça de outrora.
Ficou uma lembrança feliz, indelével, gratificante.
Reuniões raras mas gostosas, ninguém fica de fora.
O futuro é amplo, com Deus a "barrichellandia" vai adiante.

IX
Campanaro...