PRONUNCIAMENTO DO PROF. LUIZ E.G. BARRICHELO DURANTE A ASSINATURA DE DOAÇÃO DO HORTO DE ITATINGA
( 28 DE JULHO DE 1988)

Em 1968, a então Cadeira de Silvicultura da ESALQ estabeleceu um convênio com a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, hoje FEPASA, visando a produção de sementes melhoradas de eucalipto para atender à crescente demanda resultante do estabelecimento, em 1966, dos incentivos fiscais para o reflorestamento. O convênio, ainda hoje existente, na sua versão original, previa o estudo detalhado de alguns hortos da FEPASA, visando determinar quais populações florestais seriam recomendadas para a obtenção de sementes melhoradas e, a seguir, mantê-Ias como importante reserva genética ao estado de São Paulo e ao Brasil.

Na mesma época, empresas do setor florestal, reconhecendo a importância e os reflexos dos estudos que vinham sendo desenvolvidos na ESALQ, criaram, a partir de 1968, o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais que, até hoje, mantém convênio com a USP para o desenvolvimento de pesquisas na área florestal. Para destacar um dado, nesses vinte anos a produtividade florestal da eucaliptocultura em nosso estado passou, em média, de 18 m3/ha/ano para 45 m3/ha/ano. Por outro lado, o conjunto de pesquisas desenvolvidas através da integração entre as empresas e destas com a Universidade, atualmente é o mais expressivo do hemisfério sul, tendo uma das associadas do IPEF, a ARACRUZ FLORESTAL S.A., conquistado em 1985 o Prêmio Marcus Wallenberg, concedido pelo governo sueco às pesquisas florestais de maior impacto mundial.

Em 1977 o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal criou a Comissão de Controle de Sementes Florestais, visando incentivar a produção nacional de sementes. Através dos professores Mario Ferreira e Paulo Kageyama, a ESALQ e o IPEF passaram a participar de um programa de credenciamento e cadastro de material genético florestal, visando a produção de sementes melhoradas. As populações registradas no IBDF, através do sistema de credenciamento estabelecido pela citada comissão, são hoje um patrimônio de importância a nível mundial, sendo reconhecidas pela FAO, SIDA, DANIDA e outras organizações internacionais.

Dentro desse panorama, o Horto de Itatinga tem posição de destaque, pois, dentro de seus 2.200 ha temos selecionada uma área de produção de sementes de importância estratégica. São cerca de trezentas árvores geneticamente superiores, com quarenta anos de idade, selecionadas através de testes de progênies implantados pelo Pais todo. Este conjunto de árvores é o maior patrimônio genético de Eucalyptus saligna existente no País e uma das principais espécies para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste brasileiras para a produção de lenha, carvão, celulose e chapas.

Em função do exposto, a ESALQ, através do magnífico Reitor Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, solicitou em 1974 a incorporação do Horto de Itatinga ao seu patrimônio, visando preservar a área e atualização da área remanescente para estabelecimento de programas de ensino, pesquisa e extensão florestal. Na época era diretor da ESALQ o Prof. Ferdinando Galli e chefe do Departamento de Ciências Florestais, o prof. Helládio do Amaral Mello.

Em 22 de agosto de 1978, saia publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo a lei 1.744, autorizando a Fazenda do Estado a alienar, por doação à Universidade de São Paulo, o Horto Florestal de Itatinga.

Após de anos de marchas e contra-marchas, envolvendo a forças vivas da Universidade, hoje vemos com satisfação coroados os esforços graças ao empenho dispendido pela Reitoria da USP, Diretoria e Prefeitura da ESALQ, professores de nosso departamento e Escola e a contribuição decisiva do ilustre colega e deputado estadual Jairo Ribeiro de Mattos, que conseguiu sensibilizar o ilustre governador do estado, Sr. Orestes Quércia.

Em nome do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ e do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, desejo externar nosso júbilo pela relevância da conquista que engrandece a ESALQ e a Universidade de São Paulo.

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