Dezembro de 1986

Questão de sobrevivência

 A pesquisa florestal no Brasil sempre esteve associada ao desenvolvimento das universidades e institutos. A partir da década de 50, ainda dando os primeiros passos, amparou-se nos conhecimentos adquiridos e inspirados em renomados mestres brasileiros que desenvolveram sua ciência em áreas afins ou professores estrangeiros que para cá trouxeram suas contribuições.

No curto espaço de 30 anos, fundaram-se escolas e institutos, foram lançados os incentivos fiscais, criou-se uma mentalidade florestal e uma crescente preocupação com a conservação dos recursos naturais. A formação e o aperfeiçoamento do recurso humano resultaram numa massa crítica capaz de procurar novos rumos e caminhos e a importada passou a ser paulatina-mente substituída por uma "tecnologia tupiniquim".

O reconhecimento da importância dos cursos de pós-graduação, feitos no Brasil e no exterior, aliados a cursos de pequena duração, seminários, simpósios e congressos deram sua contribuição decisiva para isso. Ao par da natural evolução das universidades, as empresas do setor privado, reconhecendo a importância da pesquisa para suas próprias sobrevivências, passaram a estruturar seus departamentos de pesquisas e desenvolvimento.

Em alguns casos o "sentimento de sobrevivência" atingiu níveis dramáticos, ocorrendo um atropelo histórico: a evolução natural deu um salto de sorte que modelos importados passaram a imperar e, muitas vezes, as universidades e entidades públicas de pesquisas pareceram dispensáveis.

Se considerarmos as evoluções alcançadas, quer nos parecer, que a integração universidade-empresa deve ser repensada frente à realidade reinante: diversidade de interesses, capacitações, evoluções, potenciais, etc. Talvez a integração esteja mostrando o que na disciplina de estruturas é chamado "fadiga do material". No presente caso, teríamos "fadiga de significado": a integração é visualizada como simples aproximação entre as partes, uma troca de amabilidades ou uma prestação de serviços, uma assessoria.  

A necessária sobrevivência da ciência florestal talvez esteja dependendo de uma nova visão no relacionamento das forças-vivas através da INTERAÇÃO, uma efetiva e permanente simbiose entre universidades, institutos e empresas. Hoje, mais do que nunca, o processo deve ser dinâmico e reversível. Sobretudo vivo.

  

Voltar