Dezembro de 1986
Questão de sobrevivência
No curto espaço de 30
anos, fundaram-se escolas e institutos, foram lançados os incentivos fiscais,
criou-se uma mentalidade florestal e uma crescente preocupação com a conservação
dos recursos naturais. A formação e o aperfeiçoamento do recurso humano
resultaram numa massa crítica capaz de procurar
novos rumos
e caminhos e a importada passou a ser paulatina-mente substituída por uma
"tecnologia tupiniquim".
O reconhecimento da importância dos cursos
de pós-graduação, feitos no Brasil e no exterior, aliados a cursos de pequena
duração, seminários, simpósios e congressos deram sua contribuição decisiva
para isso. Ao par da natural evolução das universidades, as empresas do setor
privado, reconhecendo a importância da pesquisa para suas próprias
sobrevivências, passaram a estruturar seus departamentos de pesquisas e
desenvolvimento.
Em alguns casos o "sentimento de sobrevivência"
atingiu níveis dramáticos, ocorrendo um atropelo histórico: a evolução natural
deu um salto de sorte que modelos importados passaram a imperar e, muitas
vezes, as universidades e entidades públicas de pesquisas pareceram
dispensáveis.
Se considerarmos as evoluções alcançadas, quer nos parecer, que a
integração universidade-empresa deve ser repensada frente à realidade reinante:
diversidade de interesses, capacitações, evoluções, potenciais, etc. Talvez a
integração esteja mostrando o que na disciplina de estruturas é chamado
"fadiga do material". No presente caso, teríamos "fadiga de
significado": a integração é visualizada como simples aproximação entre as
partes, uma troca de amabilidades ou uma prestação de serviços, uma assessoria.
A necessária sobrevivência da ciência
florestal talvez esteja dependendo de uma nova visão no relacionamento das
forças-vivas através da INTERAÇÃO, uma efetiva e permanente simbiose entre
universidades, institutos e empresas. Hoje, mais do que nunca, o processo deve
ser dinâmico e reversível. Sobretudo vivo.