Outubro/Novembro de 1989

 Integração e interação

 Do ponto de vista sociológico, a integração corresponde a um ajustamento recíproco de modo a formar uma sociedade organizada e cada parte procura se identificar com os interesses e objetivos mútuos. A integração universidade-empresa só acontece se respeitada esta regra e se for possível harmonizar as eventuais posições antagônicas ou conflitantes. Depreende-se do exposto que a premissa básica da existência da integração envolve a aproximação de grupos diferentes e que se propõem a trabalhar por metas e objetivos comuns. O IPEF, na sua concepção primeira, foi criado para exercer esta função catalisadora entre a Universidade de São Paulo (além de outras universidades brasileiras) e empresas do setor florestal brasileiro. Após 22 anos, se constitui num dos principais exemplos de ação integradora.

De outro lado, interação compreende a somatória de ações e de relações executadas entre os membros de um dado grupo, ou mesmo, entre grupos dentro de um mesmo segmento da sociedade. Muitas vezes a interação se resume numa troca de informações e influências recíprocas entre os membros do grupo que, pelo tipo de atividade ou objetivos, já estão naturalmente inter-relacionados. É o que ocorre, de forma espontânea, entre os departamentos de uma dada faculdade ou empresas de um dado setor produtivo. O IPEF, na sua concepção segunda, foi idealizado para racionalizar e otimizar esta ação entre as empresas associadas.

Esta interação, que acontece naturalmente entre as empresas do setor florestal através de associações e sindicatos, no IPEF é potencializada. Se a mesma for intensa e produtiva, além dos benefícios mútuos decorrentes, contribui para uma evolução e aperfeiçoamento da integração universidade-empresa. Em outras palavras, assuntos e questões do dia a dia são resolvidos pelas partes envolvidas e a universidade é chamada para colaborar na resolução de problemas de ponta.

Como resultante natural, à universidade é reservada sua natural missão de geração de novos conhecimentos e não se envolve na prestação de serviços que podem levar à competição (desleal, por sinal) com empresas ou profissionais habilitados do mercado. Durante o ano de 1989 foram realizados 31 eventos formais, coordenados pelo IPEF com esta finalidade, não computadas as "interações espontâneas" entre as associadas.

Estes eventos incluíram reuniões do Conselho de Administração seguidas de visitas técnicas às empresas anfitriãs, reuniões regionais, reuniões amplas e específicas dos programas cooperativos, reuniões técnicas diversas, simpósios e mesas-redondas, visitas técnicas e cursos de nível superior e médio. Cerca de 600 participantes compareceram aos diferentes encontros. Considerando-se que o corpo associativo atual do IPEF é composto por 24 empresas, na média, a participação envolveu cerca de 25 presenças por empresa, o que, obviamente, não se observou na prática: em função do grau de interesse da associada pelo assunto, seu corpo técnico, distância do local do evento, o comparecimento variou de 72 participantes a 2 por empresa.

Nesse ponto caberia um exame de consciência a ser feito pelas associadas que estão perdendo esta excelente oportunidade de interação que o IPEF oferece. O IPEF só é válido desde que as associadas o ajudem a cumprir sua missão que quanto melhor desempenhada mais beneficia as mesmas e suas integrações com a universidade. No fim, os grandes beneficiados serão os meios científico e empresarial, o setor florestal e a sociedade brasileira como um todo. 

 

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